Este texto é a reprodução da matéria publicada no dia 10/03/2021 pelo Portal ES360, disponível em: https://es360.com.br/na-estrada-o-sentido-e-a-vida/
Segundo o Centro Brasileiro de Estudos de Ecologia de Estradas (CBEE) é estimado que, a cada ano, mais de 475 milhões de animais selvagens são atropelados no Brasil.
Claro que considerando a assimetria na malha viária brasileira, esse montante dramático não é mais que um número mágico, extrapolado a partir de estudos sistemáticos ligados a estados com perfis de atropelamento de fauna já caracterizados. Todavia, independentemente dos números, a estrada atropela. E ela, também, desencoraja. Explico.
Para a fauna silvestre há dois impactos sobrenadantes: a perda de espécies por atropelamento; via direta; evidente; visível. E o efeito barreira, um impacto indireto que resulta do não encorajamento dos indivíduos em atravessar rodovias, o que, consequentemente, traz problemas relativos ao isolamento e perda de variabilidade genética.
O CBEE postula que a grande maioria dos animais mortos por atropelamento se concentra em pequenos vertebrados, como sapos e pequenas aves. Os répteis, por sua vez, são constantemente atraídos pelo calor das rodovias, a exemplo de algumas tartarugas, que buscam locais quentes para a desova. E dessa maneira são atropelados.
Quando estamos falando de mamíferos, entre os fofobichos mais atingidos estão o tatu-peba, o cachorro-do-mato, o tatu-galinha, a anta, o tamanduá-mirim, o tamanduá-bandeira. São informações tristes, não são? Esses dados também são um alerta. Pare para pensar no perigo que alguns acidentes podem provocar.
Parou?
Imagine o atropelamento de uma anta, o maior mamífero terrestre brasileiro! Seria terrível e perigoso, pois o acidente com um carro pequeno e uma anta poderia levar à morte dos passageiros.
Trocando em miúdos, precisamos parar para pensar na importância de todos os bichos, mesmo aqueles meio gosmentos ou invisíveis.
Olha só outro exemplo: quando as populações de répteis e anfíbios no ecossistema diminuem, naturalmente ocorre o aumento na quantidade de insetos que transmitem doenças aos humanos!! Isso porque boa parte das populações de insetos é regulada por répteis e anfíbios.
E nem vou falar do papel das aves… Morcegos…
Para mudar o cenário de mortes da fauna silvestre nas rodovias são necessárias medidas expressivas. Atualmente há mais de 40 medidas já exploradas. Contudo, para hoje, que tal se pegarmos como exemplo as cercas de direcionamento?
Essa alternativa mitigatória barra a entrada do animal na rodovia e o encaminha até um ponto seguro de travessia. Agora, imagine associar passagens à essas cercas? Bom, né? Só que as passagens precisam andar de mãos dadas com as cercas, ou elas vão servir “apenas” como ponto de conectividade funcional.
Mas vale lembrar que as medidas não podem se concentrar apenas nos pontos com mais acidentes, já que a fauna acompanha a dinâmica da paisagem. “Se uma passagem é feita entre dois fragmentos de mata, que após algum tempo se transformam em uma fazenda, não servirá mais como alternativa”. A fauna migrará em busca de novos locais e novos ‘hotspots’ surgirão.
E, além disso, devem ser aos poucos ajustadas para cada grupo faunístico específico e para cada bioma brasileiro. De acordo com pesquisadores, é estimado uma diminuição de até 86% dos atropelamentos com a combinação de cercas e passagens de fauna.
Ponto para a natureza.
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Fonte:
Jornal ES360; @es360portal
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