Saudações crocodilianas!
Se no capítulo anterior conversamos sobre como e onde estão os jacarés no mundo, nada mais justo estreitarmos um pouco o nosso conhecimento e direcionar nossos esforços para o Brasil. Afinal um quarto das espécies do mundo moram por aqui. – Quase uma receita de bolo, ¼ de xícara de jacaré.
Então, partiu Brasil!
OS JACARÉS DO BRASIL
Como comentamos ali em cima, das 24 espécies de crocodilianos que existem pelo planeta, seis ocorrem aqui em nosso país, mais especificamente três gêneros, todos da família Alligatoridae, Subfamília Caimaninae. Pronuncia-se “aligatoride e caimanine”, respectivamente. – Mais um pouquinho de “reficofage” para nosso deleite.
Então temos:
♥Jacaré-de-papo-amarelo (Caiman latirostris)♥;
Jacaré-tinga (Caiman crocodilus);
Jacaré-do-pantanal (Caiman yacare);
Jacaré-negro (Melanosuchus niger);
Jacaré-anão (Paleosuchus palpebrosus);
Jacaré-coroa (Paleosuchus trigonatus).
Destas seis espécies, todas compartilhamos com os nossos hermanos da América do Sul: Argentina, Uruguai, Bolívia, Paraguai, Peru, Equador, Colômbia, Venezuela, Guianas e Suriname – Pois é, não tem jacaré no Chile :( . Entretanto só no Brasil ocorrem juntas.
REGIÕES BRASILEIRAS E SUAS DIVERSIDADES DE JACARÉS
Liderando esse ranking temos as regiões Norte, onde em especial há o bioma da Amazônia, e a região Centro-Oeste, com os biomas do Cerrado e do Pantanal. Em seguida temos a região Nordeste com os biomas da Caatinga e da Mata Atlântica. Por fim, mas não menos importante a região Sudeste com a nossa majestosa Mata Atlântica.
- Caso você esteja meio confuso com a disposição dos Biomas, disponibilizamos aqui, claro que pela bagatela de um Serenata do amor...
TAMANHO DE JACARÉ
O maior jacaré brasileiro é o jacaré-açú que pode atingir seus seis metros de comprimento. - Quase um Purussaurus, seria um parente? Esse gigante ocorre principalmente na Amazônia, mas também em algumas áreas do Cerrado. Por outro lado, o menor jacaré do Brasil é o jacaré-anão. - Também conhecido como jacaré-paguá, que não ocorre em Jacarépaguá, Rio de Janeiro. Esse "pequeno" pode chegar a 2 metros de comprimento.
Então, já que sabemos sobre os extremos, é interessante abordarmos um pouco mais dos jacarés medianos, afinal, é neles que está o nosso objeto de estudo: o jacaré-de-papo-amarelo. - Ou, mais chique, se quiser falar seu nome científico: Caiman latirotris.
OS CAIMANS
Futuramente, destinaremos um capítulo falando especialmente sobre o jacaré-de-papo-amarelo, mas dentro do gênero, nossa joia tem mais dois primos que ocorrem aqui no Brasil e é exatamente sobre eles que conversaremos agora.
Em termos de tamanho, as três espécies de Caiman são bem parecidas, medindo cerca de três metros de comprimento, quando adultos. Apesar disso ele ocorrem um pouco distantes entre si, mas podem se encontrar em alguns pontos no país. - Para saber por onde eles andam, só dar uma conferida com calma o infográfico ali em cima!
Não poderíamos deixar de mencionar o jacaré-do-pantanal. Com distribuição do norte da Argentina até o sul da bacia Amazônica, ocorre principalmente no Pantanal, e é conhecido pela grande densidade populacional em áreas de inundação sazonal, característica do bioma. - Há bem pouco tempo atrás a espécie estava ameaçada de extinção, principalmente pela caça clandestina. Ações de fiscalização e educação ambiental reverteram o panorama de conservação da espécie :)
DESMISTIFICANDO O TOPO DA CADEIA
Desde de cedo aprendemos que animais topo de cadeia, principalmente falando sobre os jacarés, são grandes predadores que se alimentam de "toneladas" de comida por dia, sendo malvados e impiedosos. Mas isso não é a verdade, nem de longe é como ela parece ser na realidade.
Façamos justiça aqui, se fossemos escolher um lugar para colocar nossos amigos numa cadeia alimentar, teríamos que gastar bastante espaço para colocá-los por toda ela.
- Mas como assim? Vem comigo.
Todo animal, do nascimento até a velhice, passa por inúmeras dificuldades da vida. E aí está o ponto: ele também é uma presa, principalmente em seus estágios iniciais da vida, quando é filhote e de certa forma, indefeso.
Outra visão bem importante é os que jacarés, no geral, não se alimentam exclusivamente de carne de outros animais maiores. Ao longo da vida eles se alimentam de diversos outras fontes energéticas, como moluscos, insetos, anfíbios e pequenos peixes. - Lembre-se que a jornada é muito mais longa do que parece e até ele topar com uma onça pintada, muitas águas já rolaram...
Isso nos traz um dos raciocínios mais importantes até aqui: Se, ao longo da vida, o jacarés passam por tantos níveis de uma cadeia alimentar, comendo e sendo comido, imagine como seria problemático se ele não existisse? - Mas, esse também é um assunto que vamos conversar bastante mais adiante.
Então prepare-se! Pra você não dizer que não avisamos, nossa próxima viagem nessa jornada, será um passeio pela espetacular Mata Atlântica. - Afinal, conservar animais topo de cadeia, como o jacaré-de-papo-amarelo, é o pretexto para conservar a mata em sua totalidade.
Até a semana que vem, fique em paz!
P.S.: Aqui, você fica com algumas palavras do autor do capítulo: "Os jacarés do Brasil", presente no livro “Marginais”: Jacarés da Mata Atlântica.
- Senhoras e senhores, com a palavra, Doutor André Felipe Barreto Lima!
O Projeto Caiman é uma realização:
- Instituto Marcos Daniel; @imdbrasil
- Projeto Caiman; @projetocaiman
Parceira:
- Instituto Últimos Refúgios; @ultimosrefugios
Texto:
- Fernando Paulino; @fepalva_
- Gabriel Dias; @gabrielgomesdias
Ilustração:
- Luiza Tanaka; @lu_tanakap
Infográfico:
- Felipe Facini; @felipe.facini
Agradecimentos:
- André Felipe Barreto Lima; @afblima.ambiental
- Leonardo Merçon; @leonardomercon
Patrocínio:
- ArcelorMittal Tubarão; @arcelormittaltubarao