O século XXI está sendo marcado por grandes mudanças sociais advindas da globalização, do avanço desenfreado de novas tecnologias, da expansão dos estudos científicos, das universidades e dos meios de comunicação, entre outras novidades do novo milênio. Apesar disso, ainda hoje enfrentamos problemas que têm origem no passado – como o racismo.
No Brasil, as consequências da exploração, colonização e escravização do povo negro, trazido de vários lugares do mundo como raça inferior e mão de obra, são percebidas até os dias atuais.
Hoje, dia 20 de novembro, celebramos o Dia Nacional da Consciência Negra: data que faz referência à morte de Zumbi dos Palmares, um dos principais líderes quilombolas brasileiros e símbolo da resistência negra à escravidão.
“Consciência Negra” foi o nome de um movimento liderado por ativistas que ia contra o apartheid e tinha como objetivo enfraquecer a política segregacionista instaurada na África do Sul dos anos 40 a 90.
A data foi idealizada pelo poeta, professor e pesquisador gaúcho Oliveira Silveira, que também era um dos líderes do Grupo Palmares, composto por militantes e pesquisadores da cultura negra brasileira, nos anos 70.
No entanto, somente em 2003 essa data foi adotada no calendário escolar e há 10 anos reconhecida em âmbito nacional através da lei nº 12.519, em 10 de novembro de 2011. O dia 20 de novembro é feriado em mais de mil cidades brasileiras distribuídas em 15 estados atualmente: destaca-se São Paulo, Alagoas, Amazonas, Amapá, Mato Grosso e Rio de Janeiro.
A comemoração desta data traz consigo a reflexão sobre o racismo, a desigualdade social e a cultura afro-brasileira, sendo bastante marcada por atividades culturais, debates e manifestações organizadas pelo movimento negro em diferentes regiões do país, com intuito de conscientizar toda a população – negra ou não – sobre as condições e das lutas dessa parcela da população, que é maioria em números, mas que foi e, ainda, é diminuída nos mais diversos ambientes e estruturas sociais. Dentre elas, a academia, a pesquisa científica e o mercado de trabalho.
Reflita: quantos professores negros e negras você tem?
Quantos cientistas negras e negros você conhece?
Quantos colegas negros você tem no trabalho ou em sala de aula?
E qual a população negra do país em que você vive?
Há algo de errado?
Os números são coerentes?
A resposta para essas perguntas são explicadas pela história e pelos fatos passados.
Entre o século 18 e início do século 20, intelectuais brancos e ocidentais queriam provar que os africanos eram seres inferiores, defendendo uma ideia de que esse povo era mais próximo aos macacos, considerando-o ignorante e animalizando-o.
As formulações do evolucionismo social, ou racismo científico, de Spencer e Darwin influenciaram as produções “científicas” do médico Raimundo Nina Rodrigues na Bahia, que afirmava que os mestiços ou raças inferiores tinham como características inatas a violência e a inferioridade intelectual e religiosa.
Contudo, ignorava totalmente sobre a influência negativa da colonização e domínio europeu sobre o modo de vida dos povos indígenas e africanos. Importantes nomes foram excluídos história, apagando a capacidade intelectual do negro e causando pouca ou nenhuma referência negra no âmbito acadêmico dos séculos passados.
Hoje, restam apenas rastros de memória desses personagens que tiveram sua história velada por trás da história destacada como oficial.
Mas não deixemos de buscar nossas referências e motivações, pois se explorarem com profundidade a história, verá que existem importantes contribuições de pessoas negras na ciência: Dr. Milton Santos foi o único da América latina até o momento que ganhou o prêmio Vautrin Lud, o oscar da geografia.
Sônia Guimarães é a primeira negra doutora em física pela University of Manchester Institute of Science and Technology e professora do Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA) há mais de 24 anos, bem como a Viviane dos Santos Barbosa, mestre em nanotecnologia e premiada durante a Conferência Científica Internacional de 2010, na cidade de Helsink, Finlândia, quando seu projeto concorreu com outros 800 trabalhos.
Por fim, é necessário descolonizarmos a ciência e seus currículos, como propõe a professora doutora de química Anitta Canavarro, que fundou o grupo de Estudos sobre a Descolonização do Currículo de Ciências (CIATA) do Instituto de Química da Universidade Federal de Goiás (CIATA-LPEQI/UFG) e busca superar o racismo através da educação e pesquisa.
Confira algumas palavrinhas de pessoas que escreveram e escrevem a história do Projeto Caiman, da ciência e da sociedade!
O Projeto Caiman é uma realização:
- Instituto Marcos Daniel; @imdbrasil
- Projeto Caiman; @projetocaiman
Parceira:
- Instituto Últimos Refúgios; @ultimosrefugios
Texto:
- Brenda Ferraz; @brendaferrazn
- Paulo Roberto Bahiano; @paulo_bahiano_
Ilustração:
- Fernando Paulino; @fepalva_
- Paulo Roberto Bahiano; @paulo_bahiano_
Patrocínio:
- ArcelorMittal Tubarão; @arcelormittaltubarao
Agradecimentos:
- Brenda Ferraz; @brendaferrazn
- Fernando Paulino; @fepalva_
- Jeane Santos de Jesus; @jeanecomjota
- Paulo Roberto Bahiano; @paulo_bahiano_
- Vitória Dias; @__vitoriadias
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