A biodiversidade é uma espécie de origem da vida. É uma corrente com elos fortemente interligados, em relações ecológicas inumeráveis. Uma vez que essa malha é alterada, as consequências atingem diversas espécies, incluindo o ser humano.
Alcançar o pensamento ecossistêmico permite compreender que a saúde e a vida das pessoas estão relacionadas à saúde e a vida de todos os componentes da natureza: o solo, a água, a flora, a fauna, o ar e, obviamente, o ser humano, com suas relações sociais, políticas, econômicas e ambientais.
É por isso que falar da defesa da biodiversidade é falar de saúde!
Só que muitas vezes não sabemos exatamente como essa interdependência ocorre. Você sabia que os jacarés são animais ecologicamente importantes, e que eles fazem o controle biológico de outras espécies de animais? É o que ocorre entre gambás e carrapatos; morcegos e mosquitos; onças-pintadas e veados; serpentes e ratos ou com plantas carnívoras capazes de degradar pequenos insetos.
Com os jacarés não é diferente. Por exemplo, o jacaré-de-papo-amarelo gosta de comer moluscos, e esses invertebrados podem ser hospedeiros do Schistosoma mansoni, causador da esquistossomose (barriga da água). Por outro lado, os ovos e filhotes de muitas espécies de jacarés são um importante recurso alimentar para aves, répteis, mamíferos e alguns anfíbios.
E não para por aí.
As fezes dos jacarés são ricas em nitrogênio, nutriente essencial para o desenvolvimento do fitoplâncton, base alimentar dos peixes pequenos e de todos os outros peixes quando menores, chamados alevinos. Os peixes menores são alimento dos maiores e assim por diante.
Um processo de troca: um processo responsável por sustentar e equilibrar. É saúde ambiental, sem sombra de dúvidas. Portanto, o melhor a fazer é deixar os jacarés em paz, para o bem da natureza e para o nosso próprio bem, já que a sobrevivência desses caras é fundamental para a abundância de peixes e não proliferação de doenças.
Com essa consciência é possível compreender a importância dos jacarés como verdadeiros garçons no sistema único de saúde dos ecossistemas: a extinção ou diminuição drástica desses répteis incompreendidos pode significar o aumento exagerado dos animais que antes serviam como seu alimento.
Desse modo, embora seja um bicho temido, deixar que o jacaré viva e se reproduza é certamente o melhor para a manutenção da vida em sua forma mais orgânica.
É uma questão de equilíbrio.
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